Começa a segunda etapa do programa de conservação do pato-mergulhão no Tocantins

Por Funatura

19 de fevereiro de 2025

No final de fevereiro, os pesquisadores dedicados à conservação da biodiversidade no Tocantins promoveram a primeira reunião para a continuidade do Programa de Conservação da População do Pato-mergulhão no Rio Novo (Tocantins). O programa foi renovado após a confirmação do financiamento do Fundo Mohamed bin Zayed para Espécies Ameaçadas, dos Emirados Árabes Unidos.

“Esse esforço conjunto mostra que a conservação de espécies ameaçadas de extinção se beneficia da complementaridade entre as instituições, um caminho necessário para enfrentar o risco de extinção de espécies e seus ambientes”, afirmou o coordenador técnico da Funatura, Paulo Antas.

No encontro virtual, estavam presentes representantes da Funatura, do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) e da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA).

Estratégias para 2025

Foram definidas estratégias para a aplicação da renovação do apoio obtido pela Funatura junto ao Fundo Mohammed Bin Zayed. As ações acontecerão numa área de 145km de extensão do Rio Novo, na região do Jalapão.

Uma das novas estratégias para essa sequência será o monitoramento remoto do pato-mergulhão, com a instalação de um transmissor de sinal para satélite em um dos indivíduos. O modelo a ser utilizado já foi testado tanto na população ex-situ quanto aplicado em patos-mergulhões selvagens com sucesso pelo programa do ZooParque Itatiba. Outras ações importantes, seja novas ou em continuidade, serão as seguintes:

  • Censo anual da população do pato-mergulhão (feito desde 2008 pelo Naturatins e em conjunto com a Funatura e UEMA a partir de 2019)
  • Incubação de uma parcela dos ovos de um ninho em ambiente controlado para tentar reduzir a perda detectada dos filhotes nas primeiras semanas de vida.
  • Reintrodução no Rio Novo dos patinhos nascidos nesse programa experimental de aumento do sucesso reprodutivo quando atingirem a fase juvenil, quando há menor taxa de perda de indivíduos;
  • Monitoramento de casais reprodutivos;
  • Acompanhamento do casal com postura artificialmente reduzida para mensurar o sucesso da sobrevivência na natureza com ninhadas menores.
  • Avaliar o sucesso reprodutivo total da temporada 2025 da população de patos-mergulhões do Rio Novo;
  • Manutenção de ninhos artificiais e seu uso como ferramenta visando aumentar o sucesso reprodutivo da espécie;
  • Manejo da entrada de ocos naturais para atingirem as dimensões capazes de receber reprodução do pato-mergulhão;
  • Coleta de dados biológicos e ecológicos sobre a espécie;

Ameaças à conservação

O pato-mergulhão é uma espécie criticamente ameaçada de extinção, que só existe em três regiões do Brasil:  no Jalapão (TO), onde o projeto da Funatura será executado; na Chapada dos Veadeiros (GO) e no entorno da Serra da Canastra (MG). São apenas 200 indivíduos vivendo na natureza.

Este Programa de Conservação no Tocantins ganha ainda mais relevância no momento em que o Plano de Ação Nacional do Pato-mergulhão, coordenado pelo ICMBio, está sendo integrado ao Plano de Ação de Aves do Cerrado e Pantanal, perdendo destaque e relevância.

“A fusão dos PANs fragiliza sobremaneira a captação dos recursos financeiros, notadamente para o programa de reintrodução do pato-mergulhão em locais onde foi extinto no passado e outras ações significativas necessárias e direcionadas para a conservação do pato-mergulhão, uma ave que sobrevive atualmente em áreas do bioma Cerrado mas com ocorrência histórica e recente também no bioma Mata Atlântica”, afirma Paulo Antas.

“Colocaram uma espécie criticamente ameaçada num balaio com outras espécies, sem os mesmos requisitos e necessidades biológicas e ecológicas, com ações de conservação apenas marginalmente importantes para a conservação do pato-mergulhão e seu ambiente único, responsável por indicá-lo, pelo Ministério do Meio Ambiente, como ave símbolo das águas interiores do país.”

Saiba mais sobre o Programa de Conservação do Pato Mergulhão:

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