A Vereda das Flores, uma das mais bonitas que cercam o Parque Estadual Veredas do Peruaçu, foi devastada por um incêndio na semana passada. O mesmo aconteceu no mês de agosto com a principal vereda do Parque, que margeia o rio Peruaçu. A destruição de veredas dentro e no entorno do Parque expõe uma crise ambiental recorrente na região.
“A vegetação nativa do Cerrado nas áreas de recarga de aquíferos facilita a infiltração da água até áreas bem profundas, que vão abastecer os aquíferos, caracterizados por ser uma formação geológica que armazena água nas camadas subterrâneas, que alimentam veredas, nascentes, rios e outros corpos d’água. Com o desmatamento, grande parte das águas que penetrariam no subsolo acaba correndo superficialmente para outros lugares, diminuindo paulatinamente a recarga dos aquíferos”, afirma o coordenador técnico da Funatura, Cesar Victor do Espírito Santo.
“A falta de umidade no solo, resultado de baixos níveis do lençol freático, fez com que veredas importantes do Parque e entorno secassem com o tempo, proporcionando que o fogo se alastrasse com intensidade, inclusive no subsolo, provocando a destruição desses ecossistemas tão especiais”, diz Cesar Victor.
Proteção das Veredas
As veredas, ecossistemas típicos do Cerrado, cumprem um papel vital na manutenção da biodiversidade e na regularidade dos cursos d’água, onde elas se encontram. Funcionam como reservatórios naturais, retendo a umidade e, também, como um habitat que sustenta várias espécies da flora e da fauna do Cerrado.
Os incêndios das veredas do Parque e do seu entorno, como o que atingiu a Vereda das Flores, serve de alerta para a situação das demais veredas da região do rio Peruaçu. A combinação entre seca, desmatamento e incêndios cria um ciclo destrutivo que ameaça esses ecossistemas. A proteção das veredas é essencial para a sustentabilidade hídrica da região e para a preservação da biodiversidade.
“Esses incêndios nas veredas que estão secando mostram a importância de conservar as áreas de recarga, para manter o Rio Peruaçu com mais água”, destaca César Victor. “Uma vez destruídas pelo fogo, as veredas são extremamente difíceis de serem recuperadas”.
Projeto Áreas Protegidas: Cerrado e Caatinga
Para entender melhor o potencial ecológico de zonas de transição do Cerrado com a Caatinga, a Funatura deu início a um novo projeto, desta vez com apoio da organização internacional Rainforest Trust. Sediado nos Estados Unidos, o Rainforest Trust direciona verbas para proteger reservas naturais e a vida selvagem em todo o planeta.
O objetivo será pesquisar informações sobre biodiversidade, serviços ecossistêmicos, posse de terra e impactos ambientais em três territórios importantes para a conservação do Cerrado e da Caatinga:
- Região do Parque Estadual Veredas do Peruaçu (MG)
- Região do Parque Nacional Serra da Capivara (PI)
- Região de Jerumenha (PI)
Saiba mais sobre o projeto