Cafeicultura no Sul de Minas Gerais. Foto de Sebastião Afonso da Silva
Nesta terça-feira (24/11), produtores e especialistas reuniram-se na live Território do Café – RPPN e Econegócios, para contar um pouco sobre a produção de café por métodos que promovam a saúde da plantação e dos consumidores. O café é umas das grandes commodities brasileiras e tem sido cada vez mais valorizado na versão “especial”.
O encontro on-line foi organizado pelo projeto Reservas Privadas do Cerrado, executado pela Funatura, com o apoio do Fundo de Parceria Para Ecossistemas Críticos e Instituto Internacional de Educação do Brasil.
O coordenador do projeto Reservas Privadas do Cerrado, Laércio Machado de Souza, apresentou os participantes: o cafeicultor Ricardo Bartholo, o engenheiro ambiental Graco Dias, o rppnista e produtor Sebastião Alves e a agrônoma Andrea Roque.
“Sou apaixonado por esse lugar, é o mais bonito do mundo. Entro nas ruas de café e sinto elas me abraçarem. Tem dias em que escuto uma certa reclamação, no passado a situação era crítica. Era remédio em cima de remédio, dava pra uma coisa e atrapalhava outra. Minha linha de sustentabilidade veio daí. Logo, comecei a fazer cursos de defensivos orgânicos, compostagem e outras técnicas para atingir a certificação de produção orgânica”, contou o produtor de café Ricardo Bartholo, de Patrocínio (MG), participante do Consórcio Cerrado das Águas (leia mais abaixo).
CERTIFICAÇÃO
Após 18 meses de boas práticas, o produtor pode pleitear o selo orgânico Brasil e, em 16 meses, o selo internacional. “Estou na fase de desintoxicação da minha plantação”, disse. “Essa conscientização premia os produtores que estão em sintonia com a sustentabilidade. As grandes indústrias de café como Lavazza, Nespresso e Starbucks buscam esses grãos”, disse.
O engenheiro ambiental Graco Dias, conselheiro do Consórcio Cerrado das Águas e membro do Departamento de Responsabilidade Socioambiental da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), destacou a importância da produção sustentável e da regularização ambiental. “O Brasil tem a Lei 12651/12 de Proteção da Vegetação Nativa, conhecida como Código Florestal, que prevê o Cadastro Ambiental Rural, o CAR, uma database importantíssima sobre uso e ocupação do solo”, lembrou.
Segundo ele, as RPPNs podem ser vistas como repositórios de estoque de carbono. “Quando uma terra recebe o registro de RPPN, ela assume caráter de perpetuidade na conservação, o que assegura o estoque de carbono como ativo ambiental”, destacou.
O RPPnista Sebastião Alves compartilhou os benefícios da criação da RPPN Remy Alves (ES) para a produção cafeeira. “Para que a floresta continue prestando um bom serviço, alguém tem que cuidar dela e isso tem um custo. Infelizmente, os tomadores de decisão das políticas públicas ainda não perceberam a importância de valorizar e apoiar quem produz de forma sustentável”, disse.
A agrônoma Andreia Roque, especialista em políticas públicas e desenvolvimento rural, atua em projetos estratégicos voltados para turismo rural, sustentabilidade e responsabilidade ambiental em RPPNs. “Defendo o desenvolvimento de território de turismo rural como estratégia de promoção de tudo o que o campo tem de melhor. O econegócio traz benefícios econômicos e valoriza a marca ao propor experiências no mundo rural. Conheci propriedades de café na Colômbia, Costa Rica e Cabo Verde com grande fluxo de turismo. Essas visitas reforçavam a identidade única do café junto ao consumidor”, explicou.
CONSÓRCIO CERRADO DAS ÁGUAS
Criado em 2014, em Patrocínio (MG), o Consórcio Cerrado das Águas tem como objetivo conscientizar produtores da região sobre a importância de seus ativos ambientais por meio do diagnóstico e investimento nos mesmos, garantindo sua preservação a longo prazo.
Em 2019, o projeto piloto recebeu do Fundo de Parcerias para Ecossistemas Críticos (CEPF) o valor de US$400 mil para implementar o programa que irá promover, inicialmente, o investimento e a proteção dos ecossistemas naturais encontrados em mais de 100 propriedades ao longo da bacia do Córrego Feio. A quantia é o maior subsídio já concedido pelo CEPF, que conta com doadores como a Agência Francesa de Desenvolvimento, União Europeia, Fundo Mundial para o Ambiente (GEF), Governo do Japão e Banco Mundial.
São parceiros no consórcio a Federação dos Cafeicultores do Cerrado, IMAFLORA, IUCN, UTZ, Cooxupé, Nespresso, Lavazza, Illy Café, Cervivo, Centro Universitário do Cerrado (Unicerp), Departamento de Água e Esgoto de Patrocínio e Instituto IPÊ.
SAIBA MAIS
Assista aqui a live Território do Café – RPPN e Econegócios.
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