Com uma população muito restrita e sensível às mudanças ambientais, o pato-mergulhão enfrenta sérios desafios para sobreviver. No Jalapão, uma das últimas regiões onde a espécie ainda pode ser encontrada vivendo na natureza, os resultados do Censo de 2024 são preocupantes. Essa ave rara está cada vez mais ameaçada.
Em junho e setembro, pesquisadores da Funatura, Naturatins e do Laboratório de Ornitologia da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) realizaram o censo anual em um trecho de 145 km às margens do Rio Novo, em Tocantins. Trata-se do único local conhecido na Região Norte onde o pato-mergulhão é encontrado.
O máximo de adultos encontrados foi de 16 a 18, apenas. Esses números representam uma queda de 30% em relação a 2019 e indicam uma baixa taxa reprodutiva.
Somente um ninho ativo foi identificado nesta estação. Dois filhotes nascidos no final de julho foram avistados com um adulto, e ainda sem capacidade de voo.
A principal preocupação foi a baixa ocupação dos ninhos conhecidos este ano.
Ações de conservação
O pato-mergulhão é extremamente sensível à qualidade da água. Por isso, sua presença é considerada como um importante indicador de saúde ambiental. Suas áreas de reprodução estão diretamente relacionadas à conservação dos rios e lagos onde habita.
Para facilitar a reprodução da espécie, os pesquisadores Paulo Antas, da Funatura, e Marcelo Barbosa, do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), desenvolveram um novo método visando aumentar o número de locais para os ninhos e proteger os ovos de possíveis predadores.
Técnica foi aplicada em dois ninhos do Rio Novo e foi rapidamente aceita pela espécie, aumentando a disponibilidade de cavidades para ninhos. Saiba mais aqui.
Plano de Ação Nacional
Desde 2019, a Funatura, em parceria com o Naturatins, tem trabalhado para a conservação do pato-mergulhão no Jalapão, integrando as ações do Plano de Ação Nacional (PAN) para a espécie.
Neste projeto, a Funatura está sendo apoiada pelo Fundo Mohamed bin Zayed para Espécies Ameaçadas. Até o ano passado, recebia apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Com a parceria, o Naturatins também se encarrega de vários custos diretos e indiretos, complementando as outras fontes.
O futuro do pato-mergulhão no Jalapão depende de medidas urgentes de conservação. Essas medidas serão discutidas no encontro anual do PAN Pato-Mergulhão, previsto para o final deste ano. Segundo Paulo Antas, é preciso conseguir mais recursos para manter uma equipe em campo monitorando as aves.
Garantindo o futuro
“Possíveis soluções são: estruturar o criadouro credenciado no Tocantins para fazer a incubação artificial de parte dos ovos e criar os patinhos até a idade de soltura; e também introduzir no Jalapão indivíduos com perfis genéticos diferenciados”, afirmou.
Com o apoio de instituições de pesquisa, poder público e sociedade civil, ainda é possível garantir um futuro para essa espécie única.
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Foto principal: Sávio Freire Bruno