Queimar para evitar incêndios. Parece conflitante à primeira vista, mas o Manejo Integrado do Fogo é uma estratégia de gestão ambiental com o objetivo de reduzir a ocorrência de grandes incêndios florestais por meio da execução de queimadas controladas e seguras.
As queimadas ocorrem mediante estudo das áreas, em ecossistemas e vegetações adaptadas ao fogo, visando reduzir a biomassa vegetal seca que serve de combustível para grandes incêndios. E é essa a estratégia que será adotada no projeto RPPN Sesc Pantanal – Recuperando e Protegendo, que a Funatura executa em parceria com o Sesc. Segundo o coordenador do projeto, Cesar Victor, pela primeira vez o MIF está sendo implementado em um projeto seguindo as recentes diretrizes do ICMBio para Manejo Integrado do Fogo.
Para entender o contexto local e desenvolver um Plano de Manejo Integrado do Fogo que atenda às necessidades das comunidades pantaneiras, entre os dias 13 e 14 de julho, a consultora Carvalho Moura, especialista no tema, conversou com as comunidades rurais e indígenas que vivem próximas à RPPN. Ela explica que a população local enxerga no Manejo o melhor caminho a seguir, uma vez que a técnica é adaptativa e participativa, unindo diferentes métodos científicos aos saberes tradicionais.
Os primeiros experimentos iniciaram no dia 13 de julho, no Mato Grosso, na Reserva Particular do Patrimônio Natural do país, a RPPN Sesc Pantanal, por meio da parceria entre 17 instituições e com a autorização da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema-MT). Além da reserva, localizada em Barão de Melgaço, outras duas áreas em Mato Grosso do Sul farão parte do experimento neste mês. A escolha dos locais da pesquisa considerou a prevalência da flora nativa e os diferentes níveis de inundação: Corumbá (MS) onde alaga muito, RPPN Sesc Pantanal (MT) com inundação intermediária e Terra Indígena Kadiwéu (MS) que não alaga.
Foram escolhidas 12 parcelas para o experimento com queima prevista em três momentos: julho (período que antecede a seca), setembro (período da seca) e novembro (início da cheia). São, portanto, três áreas com quatro parcelas cada. Das quatro parcelas, três serão queimadas nos meses indicados e uma não, para comparativo.
O uso do fogo como aliado já é utilizado em todos os outros biomas existentes no Brasil e em unidades de conservação dos Estados Unidos, África e Austrália. O MIF reúne um conjunto de técnicas que trabalha com três pilares essenciais: a ecologia do fogo (os principais atributos ecológicos do fogo); a cultura do fogo (necessidades e impactos socioeconômicos) e o manejo do fogo (prevenção, supressão e uso do fogo). Com isso, busca-se compatibilizar as necessidades sociais, as tradições culturais e características ecossistêmicas para a conservação da natureza.