O projeto GEF Áreas Privadas anuncia com entusiasmo a contratação de duas organizações de destaque no cenário da conservação ambiental brasileira para a coexecução da Fase 2 do projeto (2025-2026). A Associação Mico-Leão-Dourado (AMLD) e a Fundação Pró-Natureza (Funatura) foram selecionadas para atuar como parceiras estratégicas nos biomas Mata Atlântica e Cerrado, consolidando os esforços para a conservação da biodiversidade.
O objetivo é ampliar o manejo sustentável da paisagem e contribuir para a conservação da biodiversidade em propriedades particulares, que abrigam 27% da vegetação nativa do Brasil, segundo o Cadastro Ambiental Rural.
A duas instituições irão implementar as atividades do componente 1, que busca reduzir a fragmentação das paisagens, aumentar a oferta de habitats para espécies ameaçadas e implementar mecanismos de incentivo para a conservação ambiental, sendo a AMLD na Mata Atlântica e a Funatura no Cerrado.
Para alcançar esses objetivos, foram escolhidas áreas-piloto em territórios estratégicos: a Área de Proteção Ambiental (APA) da Bacia do Rio São João/Mico-Leão-Dourado, no estado do Rio de Janeiro (bioma Mata Atlântica), e a APA de Pouso Alto, em Goiás (bioma Cerrado). Essas áreas foram selecionadas devido à sua importância ecológica, sendo classificadas como Áreas-Chave para a Biodiversidade (Key Biodiversity Areas – KBA), abrigando espécies ameaçadas e apresentando grande potencial para ações de conservação e manejo sustentável.
Bandoletas (Cypsnagra hirundinacea) na RPPN Terra das Vochysias (GO)
AMLD e Funatura: expertise em ação
Com sede em Silva Jardim (RJ), a AMLD é reconhecida nacional e internacionalmente por sua atuação em prol da conservação do mico-leão-dourado e da biodiversidade da Mata Atlântica. Fundada em 1992, a organização desempenha um papel essencial na articulação de iniciativas regionais e nacionais, integrando conselhos, comitês e redes de conservação. Durante a retomada do projeto, a AMLD prestou apoio ao GEFAP para a realização de uma oficina local, realizada em fevereiro de 2024, que contou com 80 participantes, contribuindo diretamente para o planejamento estratégico da Fase 2. A organização será responsável pelas ações na APA da Bacia do Rio São João/Mico-Leão-Dourado, no estado do Rio de Janeiro.
Para o secretário-executivo da AMLD, Luís Paulo Ferraz, o início dessa fase do projeto traz a possibilidade de integrar diferentes iniciativas, tanto do setor público quanto do privado, que colocam a proteção da natureza como destaque, de modo a gerar benefícios para um público mais amplo, como proprietários rurais, agricultores, jovens e educadores.
“É grande a expectativa para o início da Fase 2 do projeto GEF Áreas Privadas. Trata-se de uma excelente oportunidade para a única região onde ocorre o mico-leão-dourado na natureza, uma espécie símbolo da conservação da biodiversidade brasileira. Planejado para promover ações e debates sobre o desenvolvimento sustentável na região, o projeto pretende fortalecer o engajamento da população na conservação, valorizando o seu rico patrimônio natural. Pretendemos demonstrar que proteger a natureza com responsabilidade gera muitas oportunidades em áreas como ecoturismo, restauração ecológica e a agricultura”, salienta Luís Paulo.
Já a Funatura, com quase quatro décadas de atuação no cenário da conservação, é referência na conservação do bioma Cerrado, especialmente em áreas de importância estratégica como a Chapada dos Veadeiros. Nessa região está o maior bloco de remanescentes de vegetação do Cerrado no estado de Goiás e a maior concentração de áreas protegidas do bioma. A fundação tem um histórico robusto de atuação direta no processo de criação e implantação de unidades de conservação, em especial de RPPNs (Reservas Particulares do Patrimônio Natural), além de promover o desenvolvimento sustentável em comunidades locais.
Durante a fase de planejamento a Funatura foi contratada pelo projeto para apoiar a organização de uma oficina em Alto Paraíso de Goiás, em janeiro de 2024, envolvendo também cerca de 80 participantes, e será responsável pela implementação das ações na APA de Pouso Alto, no estado de Goiás. Na Fase 1 do projeto, a Funatura ficou responsável pelo monitoramento da biodiversidade na área da APA de Pouso Alto. Pelo menos 31 espécies de mamíferos foram registradas.
Pedro Bruzzi, superintendente executivo da Funatura, destaca a importância da Fase 2 do projeto para impulsionar ações estratégicas no Cerrado, especificamente na APA de Pouso Alto.
“As expectativas da Funatura para a segunda fase do projeto são extremamente positivas. Com a nova etapa, vamos avançar em três frentes principais do componente 1 na APA de Pouso Alto: o fortalecimento das cadeias produtivas do extrativismo, o monitoramento da biodiversidade e a consolidação do ecoturismo como uma estratégia de desenvolvimento sustentável para a região. Além disso, o projeto vai trabalhar outro tema transversal que é o ordenamento territorial, com a proposta de implementação do Mosaico Veadeiros-Paranã, contribuindo com a gestão integrada e sustentável da paisagem,” destaca Pedro.
Flor de Pequi (Caryocar brasiliense). Foto: Milton Goes/Funatura
Resultados e benefícios esperados
As atividades do componente 1 reforçam a importância de integrar conservação e produção em áreas privadas, promovendo o equilíbrio entre conservação da biodiversidade e desenvolvimento sustentável.
Os resultados esperados incluem o aumento da cobertura vegetal e a redução da fragmentação em paisagens produtivas, com a produção de habitats adequados para espécies ameaçadas, além de ações de conservação mais robustas nas áreas piloto, esses esforços também poderão contribuir para a geração de renda e de conhecimento de proprietários rurais sobre práticas de manejo integrado da paisagem e para o fortalecimento do extrativismo sustentável e do ecoturismo como alternativa econômica viável.
O GEF Áreas Privadas celebra a parceria com AMLD e Funatura como marcos importantes na busca por soluções inovadoras e colaborativas para os desafios de conservação nas áreas privadas do Brasil. O início da Fase 2 representa um passo decisivo para contribuir com a transformação as paisagens produtivas dos biomas Cerrado e Mata Atlântica em áreas de conservação integrada, beneficiando a biodiversidade e as comunidades locais.
“A Funatura e a AMLD possuem experiência consolidada e histórico de engajamento com as comunidades locais, características que as tornam importantes para o sucesso desta nova etapa do projeto. Acreditamos que sua atuação será determinante para fortalecer ações integradas entre as esferas Federal, Estadual e Municipal por meio de políticas públicas relevantes aplicadas através de um projeto inovador em sua abordagem,” destacou Carlos Eduardo Marinelli, chefe de gabinete da Secretaria de Biodiversidade, Florestas e Direitos Animais do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (SBIO/MMA).
O Projeto GEF Áreas Privadas é financiado pelo Global Environment Facility (GEF) e conta com o suporte do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). A coordenação geral é realizada pela Secretaria de Biodiversidade, Florestas e Direitos Animais do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (SBIO/MMA), com execução financeira do Instituto Internacional para Sustentabilidade (IIS).
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