No Norte de Minas Gerais, a Funatura realizou uma jornada imersiva na região do Parque Estadual Veredas do Peruaçu, um dos mais importantes refúgios de biodiversidade do Cerrado. Expedição faz parte de uma pesquisa sobre biodiversidade e impactos ambientais em zonas de transição entre Cerrado e Caatinga, financiada pela organização internacional Rainforest Trust.
Viajando pelas veredas que cercam o rio Peruaçu, a equipe técnica encontrou uma paisagem marcada por um complexo de veredas e lagoas, onde palmeiras e buritis se erguem imponentes, alguns com mais de 20 metros de altura.
Porém, muitas das belezas do local estavam completamente destruídas por um incêndio florestal no final de julho. O fogo devastou as nascentes do Rio Peruaçu, destruindo completamente a principal vereda da região e matando animais. Como prova da resiliência da natureza, uma flor-do-cerrado sobreviveu sozinha em meio às cinzas.
Segundo o Instituto Estadual de Florestas (IEF-MG), a devastação teve origem criminosa, o que evidencia a vulnerabilidade dessas áreas.
Conservação do Cerrado
Mesmo com essa tragédia, a expedição também trouxe descobertas positivas. No entorno do parque, especialmente na bacia do Rio Pandeiros, a Funatura encontrou áreas de Cerrado bem conservadas. A vegetação nativa, ainda vigorosa, desempenha um papel crucial na manutenção do equilíbrio ecológico da região.
As chapadas localizadas na bacia do Rio Peruaçu, com suas formações típicas, são essenciais para a recarga dos aquíferos, garantindo a disponibilidade de água durante os períodos de seca.
A visita à Lagoa Azul, dentro do Parque Estadual Veredas do Peruaçu, revelou a importância vital de conservar esses corpos d’água. O Rio Peruaçu e o Córrego Forquilha são fontes essenciais para as comunidades locais e para a fauna que depende dessas águas para sobreviver.
Segundo o coordenador de projetos da Funatura, César Victor do Espírito Santo, conservar essas áreas é de uma importância enorme. “Porque diminui a pressão ambiental nos períodos de seca. Garante que a recarga das águas subterrâneas aconteça”, afirmou.
Parceria com o IEF-MG
Na viagem a Minas Gerais, a Funatura promoveu uma importante reunião com equipes do Instituto Estadual de Florestas (IEF-MG) e do ICMBio, para falar das pressões e ameaças que cercam o Parque Estadual Veredas. Como patrimônio natural do Brasil, a preservação do parque é fundamental para a manutenção dos ecossistemas locais.
A Funatura também participou da 48ª Reunião do Conselho Consultivo do Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu, que reúne gestores de dezenas de unidades de conservação da região. Como membro do Conselho, a Funatura apresentou seus novos projetos da Funatura na região, como a atualização do Plano de Manejo do Parque Nacional Grande Sertão Veredas.
A expedição incluiu visitas aos municípios de Januária, Cônego Marinho e Bonito de Minas, onde a equipe pôde observar de perto os desafios enfrentados pela região. Equipe técnica foi composta do coordenador César Victor do Espírito Santo, da bióloga Juliana Bragança e do técnico Daniel Arcanjo.
Projeto Áreas Protegidas: Cerrado e Caatinga
Para entender melhor o potencial ecológico de zonas de transição do Cerrado com a Caatinga, a Funatura deu início a um novo projeto, desta vez com apoio da organização internacional Rainforest Trust. Sediado nos Estados Unidos, o Rainforest Trust direciona verbas para proteger reservas naturais e a vida selvagem em todo o planeta.
O objetivo será pesquisar informações sobre biodiversidade, serviços ecossistêmicos, posse de terra e impactos ambientais em três territórios importantes para a conservação do Cerrado e da Caatinga:
- Região do Parque Estadual Veredas do Peruaçu (MG)
- Região do Parque Nacional Serra da Capivara (PI)
- Região de Jerumenha (PI)
Saiba mais sobre o projeto