Mais de 40 proprietários rurais, gestores públicos, técnicos e ambientalistas participaram do evento de lançamento da segunda fase do Projeto GEF Áreas Privadas, na Área de Proteção Ambiental (APA) de Pouso Alto, em Goiás. Na ocasião, a equipe do projeto apresentou, no Centro UnB Cerrado, no município de Alto Paraíso, as ações de monitoramento da biodiversidade, ecoturismo, agroextrativismo sustentável e gestão territorial que serão desenvolvidas em 2025 e 2026.
“Dentro do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e da Secretaria Nacional de Biodiversidade, Florestas e Direitos Animais (SBIO), a retomada do projeto é vista com grande entusiasmo. Trata-se de uma oportunidade essencial para valorizar e fortalecer o apoio às pessoas e territórios que conservam áreas privadas no Cerrado, especialmente na APA de Pouso Alto. Essas áreas, sejam RPPNs, propriedades rurais ou territórios de comunidades tradicionais, desempenham um papel fundamental na conservação da biodiversidade no Brasil. Com exceção da Amazônia, cerca de 90% do território nacional é composto por áreas privadas, o que reforça a importância de iniciativas como o GEF Áreas Privadas para promover a sustentabilidade nesses espaços,” destacou Carlos Eduardo Marinelli, chefe de gabinete da SBIO e supervisor do projeto.
Na APA de Pouso Alto, existem mais de 2.450 propriedades privadas que, de modo geral, têm protegido remanescentes do Cerrado. O Projeto GEF Áreas Privadas visa criar condições para incorporar o valor de conservação das áreas privadas em paisagens produtivas. Em janeiro de 2024, foi realizada uma oficina participativa com a comunidade para atualizar o planejamento realizado na primeira fase, em 2018.
Segundo a coordenadora de Monitoramento e avaliação do projeto, Márcia Coura, essa atualização envolveu: rever as ações planejadas para melhor alcance dos resultados; reforçar a governança envolvendo também as áreas de bioeconomia; de povos e comunidades tradicionais e desenvolvimento rural; realinhar os instrumentos de implementação; desenvolver o Plano de Comunicação; e elaborar o Plano de Ação de Gênero para o projeto.
Mais de 40 participantes compareceram ao evento na UnB Cerrado. Foto: Ícaro Souza/GEF AP
Eixos de atuação
Entidade parceira na implementação do projeto GEF Áreas Privadas, a Fundação Pró-Natureza (Funatura) apresentou as ações que serão executadas nos quatro eixos temáticos previstos. A vice-diretora da Funatura, Flávia Cantal, começou mostrando a atuação histórica da fundação na APA de Pouso Alto: 44 projetos executados, 15 unidades de conservação públicas criadas e 20 planos de manejo elaborados. “Das 51 RPPNs (Reservas Particulares do Patrimônio Natural) existentes na região, 26 foram criadas com apoio da Funatura”, disse.
O coordenador de Monitoramento de Biodiversidade, Jader Marinho, explicou a importância e a complexidade do trabalho de registrar a movimentação de animais no Cerrado. “Faltam informações sobre a manutenção da biodiversidade em áreas que fazem um trabalho intensivo de agricultura e pecuária”, afirmou.
Sobre o eixo Agroextrativismo Sustentável, o coordenador Gustavo Assis contou como será o trabalho realizado junto às cooperativas locais: facilitação do acesso a mercados públicos e privados; formação de agentes de produção; realização de oficinas participativas para inclusão de jovens e mulheres; e formulação de uma proposta de compras públicas de produtos da agricultura familiar e de povos e comunidades tradicionais.
Coordenadores técnicos do projeto apresentam eixos temáticos. Foto: Walace Cavalcante
O coordenador dos eixos Ecoturismo e Gestão Territorial, Julio Itacaramby, falou sobre as principais metas de cada um desses eixos: a implementação da trilha de longo curso Caminho dos Veadeiros e o reconhecimento do Mosaico Veadeiros-Paranã. “No Caminho dos Veadeiros, vamos fazer a conexão da trilha com a vila de São Jorge, o Parque Estadual Águas do Paraíso e o Povoado Quilombola Capela, de Cavalcante”, disse.
Sobre o Projeto
O Projeto GEF Áreas Privadas – Concretizando o potencial de conservação da biodiversidade em áreas privadas no Brasil é financiado pelo Global Environment Facility (GEF) e implementado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Sua gestão financeira é realizada pelo Instituto Internacional para Sustentabilidade (IIS), sob a coordenação técnica do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). Os principais objetivos são ampliar o manejo sustentável da paisagem, contribuir para a conservação da biodiversidade e fortalecer a provisão de serviços ecossistêmicos em áreas privadas no Brasil.