Coletores de sementes fortalecem saberes e renda em ação de restauração ambiental no Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu

Por Funatura

26 de maio de 2025

Comunidades rurais e tradicionais do Norte de Minas, do Sudoeste Baiano e do Nordeste Goiano participaram de um encontro para debater a coleta de sementes nativas do Cerrado. O objetivo é recuperar áreas degradadas na região do Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu, garantir renda com a venda de sementes nativas e manter vivos os conhecimentos tradicionais sobre as espécies do Cerrado.

Na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Porto Cajueiro, localizada às margens do rio Cariranha, em Januária (MG), o grupo de coletores e técnicos ambientais discutiram temas como: desafios, métodos e técnicas de restauração, oportunidades de capacitação, preço de sementes e de mudas, espécies que podem ser usadas na restauração e equipamentos de segurança para a coleta.

Participantes da Oficina de Sensibilização para coletores de sementes. Foto: João Marins/Funatura

A atividade, promovida pela Fundação Pró-Natureza (Funatura), faz parte do projeto “Comunidades Gerais: Restaurando Veredas e Sertões”, que visa recuperar 231,8 hectares de Cerrado nas seguintes localidades:

●      RPPN Porto Cajueiro, em Januária (MG);

●      Projeto de Assentamento São Francisco, em Formoso (MG); e

●      Refúgio de Vida Silvestre Veredas do Oeste Baiano, em Jaborandi (BA).

Gerações de Coletores

Na família de Flávia Nogueira de Farias, três gerações de coletores compartilharam suas experiências na coleta de sementes e produção de mudas nativas do Cerrado. Sua mãe, seu pai, sua avó e sua irmã também participam do projeto, e contaram sobre como começaram a coletar sementes há cerca de 8 anos e agora empreendem a “Cerrado Vive”, pequena empresa familiar que garante a renda de todos. “A coleta de sementes traz conexão entre as pessoas e restaura vidas. Aprendi isso com meus avós. Se não passarmos para os filhos, esse conhecimento se perde”, afirmou. Nos últimos anos, sua família já trabalhou com mais de 300 espécies de sementes do Cerrado, coletadas onde residem, no Projeto de Assentamento Mambaí, e em áreas do entorno.

Família Farias Santos tem quatro gerações de mulheres coletoras de sementes. Da esquerda para a direita: Janice, Josefa, Vanilda, Santa, Flávia e Anny Vitória. Foto: João Marins/Funatura

“O objetivo do encontro foi promover a troca de saberes e experiências sobre como enxergamos a coleta de sementes e a restauração a partir de  uma perspectiva inclusiva, com a participação efetiva das comunidades locais”, disse o engenheiro florestal Fernando Lima, coordenador de Mobilização e Assessoria Técnica do Projeto.

O projeto “Comunidades Gerais: Restaurando Veredas e Sertões” vai comprar as sementes coletadas pelas comunidades, tanto para uso em semeadura direta, como para produção de mudas em dois viveiros com a participação de agentes locais. Serão realizadas capacitações para coleta e armazenamento de sementes e produção de mudas.

Além disso, o projeto atua na valorização cultural e social dos grupos e comunidades envolvidas na cadeia de restauração, contribuindo para o reconhecimento dos saberes tradicionais na preservação do Cerrado. O projeto terá duração de quatro anos, sendo dois dedicados ao plantio e mais dois de monitoramento e manutenção.

O engenheiro florestal Fernando Lima, coordenador de Mobilização e Assessoria Técnica do Projeto. Foto: João Marins/Funatura

Sobre o projeto

O projeto “Comunidades Gerais: Restaurando Veredas e Sertões” é financiado pelo Edital Corredores de Biodiversidade – Floresta Viva. O Floresta Viva é uma iniciativa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, destinada a apoiar projetos de restauração ecológica nos biomas brasileiros. O Edital Corredores de Biodiversidade conta com o apoio do BNDES e Petrobras, tendo o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO) como parceiro gestor.

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