Fábio Padula, proprietário da RPPN Bacupari (Foto: Laercio Machado de Sousa)
Essa semana a Funatura recebeu uma pérola do nosso amigo Fábio Padula, Guardião da RPPN Bacupari, no município de Cavalcante (GO). Ele é parte de um grupo de 50 proprietários que foram auxiliados pelo projeto Reservas Privadas do Cerrado na criação de RPPNs. @reservasdocerrado
Um pouquinho de Cerrado por um observador de campo. O Cerrado em pleno esplendor na Chapada dos Veadeiros.
Com esse intenso regime de chuvas, alternadas com alta luminosidade, observo a impressionante germinação das sementes nativas que despencaram e voaram maduras de suas matrizes e se juntaram a decomposição, da matéria orgânica, acelerada pela água, micro-organismos, insetos, ave fauna e outros seres superativos ávidos e sadios.
É notável a diferença nas áreas de Cerrado, que não foram destruídas pelo fogo, que antecedeu no período chuvoso. Já as impactadas perderam essa oportunidade de regeneração acelerada que foi registrada a 25 anos atrás, relatos de moradores antigos da Chapada dos Veadeiros. Alguns observadores de campo, dizem; “um ano de fogo, são sete anos de atraso”.
Água minando em todo lugar, rios cheios, lençóis superficiais abastecidos, nascentes acordaram, tudo em festa. Nos 32 anos que lido a serviço da Mãe Terra no Cerrado, nunca tinha presenciado intenso vigor e esplendor, como se fosse um renascimento do Cerado contra a ação grosseira do homem.
Padula
Proprietário da RPPN Bacupari
Cavalcante (Goiás)
O Cerrado
Com a experiência do Projeto Reservas Privadas a Funatura reforça que o Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro, que ocupa 24% do território nacional, abrangendo 11 estados e o Distrito Federa, tem importância fundamental para a sociedade brasileira. É a savana mais biodiversa do mundo: concentra cerca de 5% de toda a biodiversidade do planeta.
Desempenha papel chave na proteção dos recursos hídricos, abrigando oito das doze regiões hidrográficas brasileiras, abastecendo seis das oito grandes bacias hidrográficas. Abriga os aquíferos Bambuí, Urucuia e Guarani mais importantes para o abastecimento das bacias do São Francisco, Paraná, Tocantins e Araguaia.
Apesar de tamanha importância, apenas 8,7% de sua extensão está protegida sob forma de unidades de conservação (CNUC/MMA) e mais de 50% de sua área foi desmatada, transformando-se na maior parte em áreas de produção agropecuária.
Atualmente, pelo menos 137 espécies de animais que ocorrem no Cerrado estão ameaçadas de extinção. Sim, essas espécies correm o risco de desaparecer para sempre do planeta Terra, em pouquíssimo tempo, caso o ser humano não repense suas atitudes.
As queimadas, a caça e principalmente a expansão da monocultura de soja, causam a destruição da vegetação nativa, o comprometimento das bacias hidrográficas e uma trágica perda de habitat, ameaçando a sobrevivência dos animais emblemáticos do Cerrado, como o lobo-guará, a onça-pintada, o tamanduá-bandeira, o tatu-canastra, o raríssimo pato-mergulhão e até mesmo das araras, que podem ser vistas ainda em abundância.