RPPnistas apresentam produção de café sustentável

Por Funatura

25 de novembro de 2020

Cafeicultura no Sul de Minas Gerais. Foto de Sebastião Afonso da Silva
Cafeicultura no Sul de Minas Gerais. Foto de Sebastião Afonso da Silva

Nesta terça-feira (24/11), produtores e especialistas reuniram-se na live Território do Café – RPPN e Econegócios, para contar um pouco sobre a produção de café por métodos que promovam a saúde da plantação e dos consumidores. O café é umas das grandes commodities brasileiras e tem sido cada vez mais valorizado na versão “especial”.

O encontro on-line foi organizado pelo projeto Reservas Privadas do Cerrado, executado pela Funatura, com o apoio do Fundo de Parceria Para Ecossistemas Críticos e Instituto Internacional de Educação do Brasil.

O coordenador do projeto Reservas Privadas do Cerrado, Laércio Machado de Souza, apresentou os participantes: o cafeicultor Ricardo Bartholo, o engenheiro ambiental Graco Dias, o rppnista e produtor Sebastião Alves e a agrônoma Andrea Roque.

“Sou apaixonado por esse lugar, é o mais bonito do mundo. Entro nas ruas de café e sinto elas me abraçarem. Tem dias em que escuto uma certa reclamação, no passado a situação era crítica. Era remédio em cima de remédio, dava pra uma coisa e atrapalhava outra. Minha linha de sustentabilidade veio daí. Logo, comecei a fazer cursos de defensivos orgânicos, compostagem e outras técnicas para atingir a certificação de produção orgânica”, contou o produtor de café Ricardo Bartholo, de Patrocínio (MG), participante do Consórcio Cerrado das Águas (leia mais abaixo).

Cafeicultura no Sul de Minas Gerais. Foto de Sebastião Afonso da Silva
Cafeicultura no Sul de Minas Gerais. Foto de Sebastião Afonso da Silva

CERTIFICAÇÃO

Após 18 meses de boas práticas, o produtor pode pleitear o selo orgânico Brasil e, em 16 meses, o selo internacional. “Estou na fase de desintoxicação da minha plantação”, disse. “Essa conscientização premia os produtores que estão em sintonia com a sustentabilidade. As grandes indústrias de café como Lavazza, Nespresso e Starbucks buscam esses grãos”, disse.

O engenheiro ambiental Graco Dias, conselheiro do Consórcio Cerrado das Águas e membro do Departamento de Responsabilidade Socioambiental da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), destacou a importância da produção sustentável e da regularização ambiental. “O Brasil tem a Lei 12651/12 de Proteção da Vegetação Nativa, conhecida como Código Florestal, que prevê o Cadastro Ambiental Rural, o CAR, uma database importantíssima sobre uso e ocupação do solo”, lembrou.

Segundo ele, as RPPNs podem ser vistas como repositórios de estoque de carbono. “Quando uma terra recebe o registro de RPPN, ela assume caráter de perpetuidade na conservação, o que assegura o estoque de carbono como ativo ambiental”, destacou.

O RPPnista Sebastião Alves compartilhou os benefícios da criação da RPPN Remy Alves (ES) para a produção cafeeira. “Para que a floresta continue prestando um bom serviço, alguém tem que cuidar dela e isso tem um custo. Infelizmente, os tomadores de decisão das políticas públicas ainda não perceberam a importância de valorizar e apoiar quem produz de forma sustentável”, disse.

A agrônoma Andreia Roque, especialista em políticas públicas e desenvolvimento rural, atua em projetos estratégicos voltados para turismo rural, sustentabilidade e responsabilidade ambiental em RPPNs. “Defendo o desenvolvimento de território de turismo rural como estratégia de promoção de tudo o que o campo tem de melhor. O econegócio traz benefícios econômicos e valoriza a marca ao propor experiências no mundo rural. Conheci propriedades de café na Colômbia, Costa Rica e Cabo Verde com grande fluxo de turismo. Essas visitas reforçavam a identidade única do café junto ao consumidor”, explicou.

CONSÓRCIO CERRADO DAS ÁGUAS

Criado em 2014, em Patrocínio (MG), o Consórcio Cerrado das Águas tem como objetivo conscientizar produtores da região sobre a importância de seus ativos ambientais por meio do diagnóstico e investimento nos mesmos, garantindo sua preservação a longo prazo.

Em 2019, o projeto piloto recebeu do Fundo de Parcerias para Ecossistemas Críticos (CEPF) o valor de US$400 mil para implementar o programa que irá promover, inicialmente, o investimento e a proteção dos ecossistemas naturais encontrados em mais de 100 propriedades ao longo da bacia do Córrego Feio. A quantia é o maior subsídio já concedido pelo CEPF, que conta com doadores como a Agência Francesa de Desenvolvimento, União Europeia, Fundo Mundial para o Ambiente (GEF), Governo do Japão e Banco Mundial.

São parceiros no consórcio a Federação dos Cafeicultores do Cerrado, IMAFLORA, IUCN, UTZ, Cooxupé, Nespresso, Lavazza, Illy Café, Cervivo, Centro Universitário do Cerrado (Unicerp), Departamento de Água e Esgoto de Patrocínio e Instituto IPÊ.

SAIBA MAIS

Assista aqui a live Território do Café – RPPN e Econegócios.

Leia mais sobre o papel das RPPNs: Reservas privadas têm papel fundamental na conservação do Cerrado

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