Depois de três dias de trabalho intenso pelo Cerrado no Festival Ilumina, na Chapada dos Veadeiros, a equipe da Funatura esteve presente nas festividades que marcaram o Dia do Cerrado em Brasília.
O evento foi uma iniciativa da Rede Cerrado e teve o Grito do Cerrado como tema. O Grito do Cerrado, como evento, vinha acontecendo anualmente com o Encontro e a Feira dos Povos do Cerrado. Pausado nos últimos anos em razão do isolamento social decorrente da pandemia de Covid, o Grito alcançou sua nona edição com esta ação de 2022.
No Eixão do Lazer, avenida central da capital federal, foi montado um estande da Rede Cerrado com algumas de suas principais organizações-membro. Além da Funatura, ISPN, IPAM e WWF estiveram presentes. Teve Corrida de Toras com indígenas Timbira e Xavante, maracatu, sucos do cerrado, leitura de poesias e homenagens, e outras atividades. Um lobo-guará participou de todo o ato. Trazido pelo grupo Faz de Conta, de Uberlândia, MG, o personagem, sustentado por perna-de-pau, deu vida a um protagonista da fauna do Cerrado.
Outro ponto alto do evento foi a leitura dos manifestos elaborados pela equipe da Funatura. O ambientalista, poeta e conselheiro da Funatura, Nicolas Behr, fez a leitura do manifesto Grito pelo Cerrado. Fernanda Oliveira, da equipe de Comunicação da Funatura, também leu o seu texto, Caliandra, que foi acolhido pela Rede Cerrado e virou um vídeo-manifesto. Ambas as peças são uma releitura do Manifesto pelo Cerrado, texto criado por representantes da Rede Cerrado para contar a trajetória do bioma Cerrado, sua importância, desafios e as principais reivindicações para a sua conservação. Leia a matéria específica sobre os manifestos.
Foi um dia lindo de domingo, marcado pela celebração do Dia Nacional do Cerrado, mas também, de protesto e luta. Além de destacar a importância do bioma para a conservação da biodiversidade, para o abastecimento de água no país e para o equilíbrio climático, o evento serviu para enfatizar o seu histórico recente e em curso de devastação. Confira as atrações:
Corrida de Toras
A Corrida de Toras entre os povos Timbira e Xavante é realizada há quase 20 anos pela Associação Xavante Warã e Associação Wyty-Cate das Comunidades Timbira do Tocantins e Maranhão, em importantes centros políticos e econômicos do Brasil.
Além de ser uma prática tradicional mantida viva pelos povos A’uwe Xavante e Timbira, a Corrida de Toras tem sido uma forma de manifestação política dos povos do Cerrado e de suas organizações. A ideia é dar visibilidade às lutas pela demarcação e proteção dos territórios indígenas e pela conservação do Cerrado.
Neste 11 de setembro, cerca de 50 indígenas percorreram perto de 3 quilômetros no Eixão do Lazer, em Brasília. Os corredores, em revezamento, carregaram uma tora de madeira, que pesa em torno de 90 quilos.
Foi uma linda demonstração de força na luta em defesa do Cerrado, sua biodiversidade, suas águas e seus povos.
Maracatu
A chegada da Corrida de Toras foi marcada pelo rufo dos tambores do grupo percussivo Vivendo & Batucando. Criado em 2014, o grupo divulga o ritmo secular do Maracatu de Baque Virado e outras composições e arranjos próprios, com o olhar sempre voltado aos brincantes pernambucanos.
Com essa alegria e potência, a Vivendo & Batucando enriqueceu a festa do Dia do Cerrado com o toque de tambores, caixas, agbês e agogôs. O ritmo, que envolve música, dança e história, contribuiu com a importante tradição de valorizar as manifestações culturais populares.
Sucos do Cerrado
Para minimizar o efeito do sol do meio-dia e da seca na capital federal, a Central do Cerrado ofereceu água e sucos das frutas típicas do bioma. Araticum, coquinho azedo, cagaita e mangaba tornaram mais gostoso e feliz o dia de quem passava por lá.
O ponto de hidratação foi uma iniciativa do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN) em parceria com a Rede Cerrado.
Campanha Vote pelo Cerrado
Todas as festividades foram permeadas pela campanha #votepelocerrado. Apoiada pela Rede Cerrado e suas organizações parceiras, a campanha pretende conscientizar a população para cobrar das candidaturas compromisso com o bioma.
Os participantes puderam tirar foto com as emblemáticas plaquinhas do #votepelocerrado, ganharam adesivos e copos da campanha. Mas o mais importante foi a informação sobre a importância do Cerrado e sobre a influência que as decisões políticas têm sobre o futuro do bioma.