Foto: Ibama/ Giovane Ferreira de Brito
Hoje é o Dia Internacional da Mulher e a Funatura parabeniza todas as mulheres pelas inúmeras conquistas sociais, políticas e econômicas ao longo dos anos e em especial à sua ex-presidente e fundadora, a ambientalista Maria Tereza Jorge Pádua, que dedicou sua vida em favor da conservação da natureza.
Pioneira na gestão pública de áreas protegidas, inovou em vários aspectos, vencendo preconceitos à frente de diferentes organizações e apontando o caminho para tantos que seguiram seu exemplo de amor à causa ambiental. Maria Tereza Jorge Pádua participou de inúmeras convenções internacionais de manejos de parques e representou o Brasil em dezenas de países.
Participou do conselho de importantes organizações mundiais ligadas à conservação da natureza, como o World Resources Institute (WRI) e World Wide Fund-International (WWF). Atualmente ela é membro do Conselho da Comissão Mundial de Áreas Protegidas (WCPA), da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), do Conselho Curador da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e do Conselho da Fundação Pró-Natureza (Funatura), além de integrar a Rede de Especialistas em Conservação da Natureza.
PREMIAÇÕES
Maria Tereza construiu uma carreira magnífica com 18 anos de atuação no antigo Instituto Brasileiro de Defesa Florestal (IBDF), quando liderou a criação de 10 milhões de hectares de áreas protegidas no país. Foi a primeira mulher presidente do IBAMA, em 1992, e recebeu o prêmio Fred Packard, em 2008, oferecido pela Comissão Mundial de Áreas Protegidas (WCPA), que reconhece o serviço prestado em prol das áreas protegidas. Em 1999, foi condecorada com o prêmio Henry Ford por sua atuação individual e foi ganhadora do prêmio Jean Paul Getty para a Conservação da Natureza, considerado o maior da área ambiental no mundo.
Protagonista ativa na criação das unidades de conservação no Brasil, em 2016, foi a primeira brasileira a receber a medalha John C. Phillips, que reconhece personalidades que se destacam internacionalmente pela contribuição à conservação da natureza.
PIONEIRISMO
Natural de São José do Rio Pardo (SP), Maria Tereza Jorge Pádua formou-se como engenheira agrônoma em 1966, pela Universidade Federal de Lavras, em Minas Gerais, aos 23 anos de idade. Hoje com79 anos, ela relembra com carinho da época de estudante. “Foi muito gostoso estudar em Lavras. Eu era a única mulher da universidade em aulas práticas. Portanto, eu era tratada pelos meus colegas com muita deferência, muitos cuidados. Eu não enfrentei de forma alguma, nenhum tipo de preconceito pelo fato de ser mulher”, afirmou.
Além de vários parques na Amazônia, região onde não havia unidades de conservação no início da carreira, a lista de áreas protegidas criadas sob sua gestão, incluem a Chapada Diamantina, Serra Geral, Fernando de Noronha, Serra da Capivara e o Pico da Neblina. Até o princípio dos anos 1970 ainda não havia legislação que protegesse os ecossistemas marinhos e ela participou diretamente na criação de parques como o Atol das Rocas. “Nós começamos a criar os Parques Nacionais Marinhos na mesma época que estávamos estudando a Amazônia. Eu, o almirante Ibsen Gusmão e o doutor Paulo Nogueira Neto à frente de tudo. Contratamos vários oceanógrafos e a equipe era composta por 30 pessoas, nos diferentes centros técnicos”, revelou.
Em 1986, com o apoio de outros ambientalistas, colaborou na criação da Fundação Pró-Natureza (Funatura), sendo responsável direta pela implantação das primeiras Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) no Brasil e a criação do Parque Nacional Grande Sertão Veredas.